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Ricardo Coração de Leão: rei da Inglaterra, coração da França

O que um dos reis mais conhecidos e símbolo da monarquia inglesa no período medieval têm em relação à França? Você pode pensar em guerras, invasões, casamentos… Bom, no final das contas esse é um resumo das relações da França e da Inglaterra durante a maior parte da Idade Média. Hoje vou apresentar para vocês mais uma boa história em relação a esses dois países, mas antes um pouco da biografia de Ricardo e depois fofoco a curiosidade sobre o rei inglês e a França.


  • Recomendo meu vídeo sobre o Império Plantageneta para melhores contextos.


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Estátua de Ricardo, o Coração de Leão, fora do Parlamento das Casas, Londres.


Richard I (Ricardo I da Inglaterra) nasceu em Oxford em 1157 sendo filho do rei Henri II (nascido na Normandia) e da Leonor da Aquitânia (nascida na Aquitânia), era o terceiro filho dos monarcas fundadores do Império Plantageneta, sendo o segundo a chegar à idade adulta. Quando criança, após a separação de seus pais (tem texto falando sobre Leonor aqui no blog) , ele e seu irmão Godofredo foram morar com sua mãe em Poitiers na Aquitânia (atual França), e receberam uma educação nos moldes occitanos da época. Muito mimado, Ricardo era o filho preferido de Leonor, e ainda na adolescência recebeu o título e os poderes de Duque da Aquitânia de Leonor. Como duque, ele era uma figura um tanto quanto cruel, conta-se que muitas vezes assassinava súditos a sangue frio e violentava mulheres, tudo com a desculpa de manter a ordem no seu ducado. Dessa forma acabou se criando uma fama em volta do seu nome, mesmo que não fosse por motivos positivos.


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Retrato de Merry-Joseph Blondel


Como foi educado na corte occitana, falava langue d’oil e langue d’oc (também tem texto sobre essas línguas no blog) e era um conhecido poeta trovadoresco de seu tempo (produziu grande parte de seus textos quando estava em cárcere pelo seu inimigo Henrique IV do Sacro Império Germânico). Grande militar, é bastante conhecido por ter sido o líder da Terceira Cruzada e ter lutado contra Saladino, além de ter participado de uma rebelião contra seu pai. Quando seu irmão mais velho morreu, se tornou o sucessor aparente ao trono inglês, mesmo sem nunca ter morado na Inglaterra desde a infância, Ricardo nem ao menos falava o inglês de seu tempo. Para desgosto de seu pai, torna-se rei com a morte do mesmo em 1189.

Assim que ascende ao trono, a lenda em torno do forte militar de mãos de ferro aumenta na ilha além do canal da Mancha, mas Ricardo usa seu poder e dinheiro apenas para financiar suas campanhas militares no Oriente Médio e fazer seu nome pela Europa, dizem que o recente rei inglês comentava que venderia alegremente a Inglaterra a quem quisesse comprar, mas não havia ninguém com interesse ou dinheiro suficiente, por ele, nunca ficaria mais do que o necessário na ilha, a qual dizia ser muito úmida, feia e extremamente cinza .

Mesmo com tamanho desprezo por seu reino, a fama do Coração de Leão só aumentava, os ingleses tinham orgulho de seu rei valente. Nos bastidores, a fama de Ricardo poderia até ser vista como ambígua: fazia muitos inimigos, tinha uma personalidade difícil de lidar, era péssimo marido (sua mãe quem arranjara o casamento), diziam que preferia muitas vezes a companhia de homens em seu leito (tendo grande intimidade com Philippe II da França), além de ter tido um filho ilegítimo na juventude. Por conta de seu desleixo no governo inglês, acabou deixando a Inglaterra com muitas dívidas (o que ocasionaria em crises no futuro e que culminaria no fim do Império Plantageneta).


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Sarcófago na Abadia de Fontevraud


Morre na Aquitânia da maneira menos provável: durante um cerco contra um inimigo em Châlus, resolve sair cedo pela manhã fazer a ronda sem armadura, um de seus soldados não o reconhece sem seus trajes e o acerta com uma flecha no ombro, a ferida infecciona e Ricardo Coração de Leão morre aos 41 anos, no dia 6 de abril de 1199. No seu leito de morte, um último pedido que demonstra seu pouco apreço pela sua coroa, pede para que seu coração seja retirado de seu corpo e enterrado na Catedral de Rouen na França, local em que tinha grande importância religiosa para ele. Suas vísceras ficaram em Châlus onde faleceu, e seu corpo foi enterrado ao lado de seu pai (e postumamente de sua mãe) na abadia de Fontevraud, também na França, para a Inglaterra, ficara apenas a história e a fama de um dos grandes heróis ingleses medievais, talvez o mais francês dos reis ingleses.

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