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Crioulo Haitiano ou Kreyòl Ayisyen: uma língua de resistência e identidade

Aqui na Pot-Pourri, frequentemente falamos sobre outros países e territórios que falam francês ao redor do mundo além da França. Por isso, é comum também comentarmos sobre as outras línguas que cohabitam com o francês esses países e territórios.

Um desses países é o Haiti, onde, além do francês, falamos o crioulo haitiano.

Comentei em um outro post, sobre o Duolingo, que eu estava aprendendo crioulo haitiano no aplicativo da corujinha, lembram?

Não é de hoje que as línguas crioulas me fascinam: sou apaixonada pelos territórios americanos de língua francesa, como a Martinica, a Guadeloupe, a Guiana Francesa, onde encontramos com muita força vários crioulos. Inclusive, já traduzi uma obra de contos orais da Martinica (território francês no Caribe) do francês pro português, sendo esses contos originalmente em crioulo martinicano!

Bom, já que o contato com o crioulo haitiano foi facilitado pelo Duolingo (hahah), acabei ficando com vontade de falar mais sobre essa língua aqui no blog da escola. Bora então entender mais sobre o crioulo haitiano?

O "Kreyòl Ayisyen" é uma língua fascinante que simboliza a resistência e a identidade do povo haitiano. Derivado principalmente do francês, o crioulo também é influenciado por línguas africanas e, em menor grau, por outras línguas europeias, como o espanhol e o inglês. Essa combinação única reflete a história de colonização, escravidão e luta pela liberdade que moldou o Haiti.

Essa língua surgiu no contexto do sistema colonial francês no Caribe, entre os séculos XVII e XVIII. Durante esse período, escravizados africanos de diversas regiões foram forçados a trabalhar nas plantações. A diversidade linguística entre eles e a necessidade de comunicação com os colonizadores levaram ao desenvolvimento de uma nova língua. Essa língua combinava elementos do francês com gramáticas e vocabulários de línguas africanas.

Em 1804, o Haiti se tornou o primeiro país independente da América Latina e do Caribe, liderado por pessoas negras. O crioulo haitiano emergiu como um símbolo dessa liberdade e, em 1987, foi reconhecido oficialmente como uma das línguas oficiais do Haiti, ao lado do francês.


Em comparação com o francês, o crioulo haitiano é conhecido por sua simplicidade gramatical, mas é extremamente rico culturalmente. Algumas características incluem:


  • Ausência de conjugação verbal: Os verbos não mudam de forma para indicar tempo ou pessoa. Em vez disso, marcadores de tempo são usados:

    • "Mwen manje" (Eu como).

    • "Mwen te manje" (Eu comi).

    • "Mwen ap manje" (Eu estou comendo).


  • Artigos definidos depois do substantivo:

    • "Liv la" (O livro).

    • "Kay la" (A casa).


  • Vocabulário influenciado pelo francês:

    • "Bonjou" (Bom dia).

    • "Mèsi" (Obrigado).

    • "Wi" (Sim).

    • "Non" (Não).

    • "Travay" (Trabalho).


Uma coisa muito importante de se entender é que o crioulo não é "dialeto" ou "variação simplificada" das línguas europeias. Enquanto os dialetos são variações regionais ou sociais de uma mesma língua, os crioulos possuem estruturas gramaticais, fonéticas e lexicais próprias, desenvolvidas em contextos históricos e sociais únicos. Eles são línguas independentes que carregam histórias de resistência, adaptação e riqueza cultural.

E aí, curtiu saber um pouco mais sobre o crioulo do Haiti?


N'a wè pwochen fwa! (Até a próxima!)


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