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Os Cajuns: francófonos nos EUA

Quando começamos a estudar francês acabamos descobrindo diversas outras culturas francófonas, advindas dos mais diversos países que tem como uma de suas línguas oficiais o francês: Guiana Francesa, Mayotte, Guadeloupe, Reunião, Congo... Bastante conhecido é o caso do francês québécois, falado na segunda maior província do Canadá: o Quebec. Mas você sabia que também se fala francês em outra região da América do Norte? Mais especificamente nos Estados Unidos? Vamos voltar um pouco na história para entender um pouco sobre o que estou falando.

Quando a América do Norte foi invadida pelos europeus, a França ocupou um território que ia da Baía de Hudson até o Golfo do México, o que é referente a quase metade do território que hoje conhecemos como Estados Unidos.

Os primeiros franceses chegaram no território, hoje americano, em 1562. Eles eram protestantes enviados pelo rei Charles IX e fundaram o vilarejo que hoje chamamos de Jacksonville, mas a empreitada não deu lá muito certo, fazendo com que abandonassem a região. No final das contas, a coroa francesa focou sua atenção na região do Quebec, fundando uma colônia oficial. Mesmo assim, protestantes e jesuítas franceses continuavam ocupando regiões no entorno do Rio Hudson em Nova Iorque. O estabelecimento de franceses na parte sul da colônia, com a exploração do rio Mississipi, se deu com Louis XIV, em 1682, onde foi fundada a Louisiana (em homenagem à Louis XIV).

Nessa época se construíram postos comerciais e diversos fortes, para domínio da região, lutando contra britânicos e nativos. Em 1718 foi fundada a cidade de Nova Orleans, que virou a capital da colônia da Nova França. Com as guerras de independência dos Estados Unidos, tratados com Espanha e Grã-Bretanha, além da própria Revolução Francesa de 1789, os territórios franceses na América do Norte foram ficando ameaçados. E com o Tratado de Paris (1783), a França perdeu alguns dos seus territórios para os Estados Unidos e para a Espanha, o que foi retomado por Napoleão durante as Guerras Napoleônicas. Mais tarde o mesmo cansou de brigar pelas terras americanas e acabou vendendo para os estadunidenses  todos os territórios franceses nos EUA.

E o que aconteceu com o povo colono que vivia na Louisiana? Viraram americanos de um ano para outro? Longe disso! Os Cajun (como são chamados), continuaram na região, sendo francófonos (em sua maioria) e cultivando a cultura de seus antepassados. Os EUA não deram muita atenção para aquela população até o final do século XIX, início do século XX, quando foram criadas leis para que o povo da região falasse apenas inglês, sofrendo todo tipo de ridicularização ao falarem em francês. Dessa forma, muitas pessoas foram perdendo o hábito de falar em francês, com medo do bullying, e adotaram um estilo mais “americano” de ser.

Com o passar dos anos, falar francês acabou se tornando uma forma de resistir e preservar a história do povo francófono da região. Através do perfil de figuras como o cowboy Jourdan Thibodeaux, artista Cajun que divulga sua cultura nas redes sociais e em festivais mundo afora, conseguimos ter acesso a um outro lado da cultura americana, aquela que existia antes dos americanos ali chegarem, do povo francês que colonizou a região e criou um modo de vida particular. Recomendo assistir a reportagem que o perfil neo.mediafr fez contando um pouco sobre o povo Cajun da Louisiana.

Para além da música e da língua, a culinária da região também é bastante diferente daquele famoso estereótipo de culinária americana. Alguns pratos típicos tem influências espanholas (le jambalaya), pois se manteve uma fronteira com o território espanhol ao sul dos Estados Unidos. O arroz é super presente na cozinha Cajun, assim como o porco e os frutos do mar.


Le Jambalaya

Le Gumbo


Me conta aí, você já conhecia a história do povo Cajun?

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